quarta-feira, 23 de julho de 2008

Minerin...

Tava na biblioteca, procurando a Clarice, quando o Carlos me chamou. Ele nunca tinha me chamado antes. Aí eu atendi. E tinha tudo a ver com as pesquisas da Trupe. E tinha tudo a ver com tudo. Mas não reproduzo tudo... só um gostinho:

As contradições do corpo

Meu corpo não é meu corpo,
é ilusão de outro ser.
Sabe a arte de esconder-me
e é de tal modo sagaz
Que a mim de mim ele oculta.

Meu corpo, não meu agente,
meu envelope selado,
meu revólver de assustar,
tornou-se meu carcereiro,
me sabe mais que me sei.

(...)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Dos idos de 2005, num dia em que chovia

Um texto resgatado sobre o "novo". O "novo" que eu redescobri no que, por um momento, pensei ser velho. O "novo" que não enjoa, porque é mutável. Infinitamente. (Parece.)


Estranho. Inesperado.
Nada é certo. Nada é exato.
Chove.
A chuva é suave, contínua, decidida.
Bem diferente das emoções.
Emoções são frutos de sensações e sensações passam.
Vêem e passam. Assim, depressa.
Mas não apenas depressa. Depressa e intenso.
Forte, verdadeiro, assustador. Mas frágil.
São assim minhas emoções, então? Ou eu?

Confusa, mutável, inconstante.
Cada dia uma. Com umas poucas partes de essência.
E o resto?

O resto é um pouco de tudo.
O resto é mistura, que não dá pra explicar.
Que não é concreto. Que muda.
Muda ao longo da vida.
Ao longo dos anos.
Meses
Dias
Segundos
Instantes
Mas que também cansa de mudar.

Cansa de fingir certezas que não tem.
De tentar convencer.
Cansa de olhar a mesma cena, com os mesmos olhos, os mesmos personagens e o sentimento oposto.
Cansa de não saber.
Cansa de fingir que sabe.
Cansa de outros quererem que saiba.
Cansa, sobretudo, de querer saber.
Querer a certeza.
Como se, de alguma forma, a certeza curasse.
Como se certeza fosse paz.
E, quem sabe, acabe encontrando paz
Enquanto procura, desesperadamente, certeza.
Enquanto procura entender pra seguir...
padrões
regras
leis
que todo mundo conhece
e que têm um aspecto tão seguro e certo.
Segui-los como se fossem a própria paz.

Mas não são.
São a prisão. A angústia.
repressão
limitação
sufoco
E agora busco ar.
Ar diferente, novo.

O novo. Porque o novo agrada e não gera expectativa.
O novo não cobra, não limita, não prende.
Não se encaixa...
e nem precisa.
Só precisa ser pra sempre novo.
E parar, congelar, quando se tornar comum.
Ou quando se tornar medo...
prisão
limite
Que seja forte, mas novo, diferente.
Que seja presente, mas só o suficiente.
Só enquanto completar, acrescentar, fizer sorrir.
ar.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Por que ter um cachorro em vez de um filho?

- Você pode dar o nome mais bizarro do mundo que ele vai atender por este nome e não vai te culpar pelo resto da vida.

- Quando você bate nele, em vez de ficar traumatizado, ele fica mais carinhoso.

- Você não precisa pagar 15 anos de estudos pra ele ser alguém na vida. O máximo que você pode pagar (se quiser!) é um adestramento, que não vai durar nem um ano.

- Ele nunca vai aprender a limpar a própria bunda, mas tudo bem, porque você também não precisará limpar, já que é normal cachorros com bunda suja.

- Ele nunca vai tentar mentir pra você. Não com palavras. O máximo que ele vai fazer é se fingir de desentendido quando fizer algo errado, mas os olhos dele sempre vão ser sinceros.

- Se você se cansar e quiser dar ele embora - e ele realmente for bonitinho - sempre vai ter alguém que vai querer.