segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Simplista, eu?

Professor nota zero é o título da coluna do Gilberto Dimenstein, para a grande Folha de São Paulo, no dia 8/2.

Em meio a um monte de clichês que despeja à vontade, Giba esquece de se fazer algumas perguntas importantes sobre a avaliação da qualidade da educação por meio do resultado de professores:

"O que essa prova prova?"

"Quem elaborou as questões questões às quais pelos menos 3000 professores responderam de maneira equivocada?"

"Quem avaliou as respostas?"

"Quem disse que a educação que queremos, de que precisamos, que vai fazer com que deixemos de ser uma 'democracia capenga' (nas palavras de Dimenstein) é passível de avaliação por meio de 'provas' escritas com questões e perguntas limitadas e limitadoras?"

Não discordo, de maneira alguma, que falte investimentos públicos, que os professores sejam mal-preparados e muito pouco incentivados, nem que, em geral, o ensino por aqui seja uma grande merda. Discordo, isso sim, da supervalorização de uma avaliação tão medíocre quanto a própria concepção de ensino que insistimos em ter.

Diante de tantos erros no pensar o ensino - e tantas opiniões simplistas e cheias de vontades de crescimento (= desenvolvimento/ = dinheiro, etc) por meio da educação - da parte de quem se propõe, justamente, a pensar o ensino e escrever sobre ele pra MUITAS pessoas... bem, diante disso, saber quantos professores tiraram zero e quantos tiraram 10, pra mim, é o de menos! Nem ligo. Aliás, zero e dez? Ainda? Affff.

Giba panfleta: "A obrigação do poder público é divulgar as listas com as notas para que os pais saibam na mão de quem estão seus filhos". E quem tem obrigação de nos alertar nas mãos de quem estão as colunas sobre educação??? Alguém deveria...

Então, de repente, no meio da coluna, surge uma luz: "O maior culpado é o poder público que oferece baixos salários e das universidades que não conseguem preparar os docentes". A partir daí, faltaram só duas palavrinhas: "por quê?" - ou seja, por que as universidades não conseguem preparar os docentes? Por que será que as pessoas já entram despreparadas nas universidades (ou preparadas pra mais limitações, obrigações e mediocridades)? Por que será que essa estrutura toda está tão podre? Por que continuamos entendendo o ensino do mesmo jeito há tanto tempo, sem nos renovar, sem mudar a forma, sem dar liberdade pras pessoas?

Um simples "por quê?" imediatamente levaria o texto para outro caminho, mais aprofundado, mais propositivo e, quem sabe, menos simplista. Quem sabe?