segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

te remo

ei, você,
que passou a morar em mim
bem enquanto eu morava no movimento...
EU TE AUTORIZO

a mover-se
a amar
a correr
a não pedir autorização
a mudar
a fluir

ainda que o impulso
seja o correr das minhas lágrimas

eu te remo
cachoeira abaixo
e sorrio pro meu próprio medo,
que ficou molhado
junto com o seu cabelo.

eu somos

Viver cada encontro
como se fosse uma brincadeira
em que, ao inventar uma história,

- um contexto
um desejo
um sonho
um começo
um nome -

inventa-se um eu.
Eu sou quem somos.

curtos

fico me procurando

- e me espanto! -

como eu me escondo bem!


***


se eu estivesse em mim
talvez
a gente fosse
um amor de vida inteira.

salto falho

tem um buraco
no meio do meu estômago

ele separa o que eu sinto do que eu penso.


às vezes,
eu jogo nesse buraco tudo aquilo com que eu não sei lidar,
depois passo,
correndo,
fingindo que o buraco nem existe.


outras vezes
acontece que eu salto mal
ou tenho preguiça de saltar.
aí escorrego lá pra dentro
e fico horas procurando um caminho pra sair.
é como um sufocamento
só que calmo.