o mínimo
que pouco valem as palavras
quando a memória evoca o impossível
quando o que era não tinha nome e o que é não responde pelo nome de futuro
que pouco valem as palavras
quando as bombas explodem lágrimas
quando as ruas explodem festa e a festa de fora não arromba minha porta
que pouco valem as palavras
quando meu corpo e o outro não se tocam
quando, tocando-se, não se tocam
sonhando-se, não se tocam
chamando-se, não.
que pouco valem as palavras
sussuros escuros nos respingos de calhas furadas
na chuva breve de verão em terra de rio soterrado
que pouco valem as palavras
- no entanto, somos isso -
é o que tem pra ser.